sábado, 24 de janeiro de 2009

Gondry é gente boa, mas vacila.

Ontem fui ver be kind, rewind. Achei uma bosta. O cara pode ser genial, brilho eterno pode ser um dos melhores filmes dos últimos 10 anos. Talvez até o melhor. Mas agora o figura abusou da sorte. Não é porque deu certo com o imbecil do Jim Carrey que vai dar certo com o imbecil do Jack Black.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A bolsa, o Paul Newman e a chuva no Maracanã.

Todos caem um dia.
No sábado, foi a chuva no Maracanã. Chuva não, um aguaceiro bíblico que desabou sobre os 22 em campo e outros 40 mil na arquibancada. Que empurraram o time até o fim de um jogo tão feio quanto épico. Épico pela chuva, pelo grito incessante da torcida, pelos gols da virada aos 36 e depois 44 do segundo tempo. E pela catarse coletiva. Que eu integrei de longe, a uma via dutra de distância, pulando e berrando sozinho em frente à TV. Não choveu em casa. Mas foi quase.














No dia seguinte foi a vez do Paul Newman. Caiu depois de 83 anos.
O cara foi Butch Cassidy, foi professor de sinuca do Tom Cruise, foi o amigo bonito do Robert Redford, foi gente boa, foi rico, foi famoso,
foi talentoso, foi casado com a mesma mulher durante 50 anos.
Paul Newman foi. Não é mais.

http://www.youtube.com/watch?v=S2OdPDEG6aQ

Ontem caiu a bolsa. 7% em NY. Quase 10% em Pindorama. Há anos, só sobe. Muitos se refestelaram sem saber que a euforia, sempre e implacavelmente, leva à debilidade. Eu cheguei no fim da festa. Provavelmente, você também. Perdemos dinheiro, engolimos o choro. Mas isso não é nada. Paul Newman caiu no domingo. E a chuva caiu no sábado no Maracanã.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Emoção catalogada.

Emoção é sempre bom. Mesmo quando é ruim. Eu não chego a ser assim um emo, mas me emociono com alguma facilidade. Mesmo assim, de vez em quando tenho um certo receio de não me emocionar com nada nunca mais. Ou pelo menos não com a intensidade que já me emocionei um dia. E ficar como aqueles anjos do Wim Wenders no Asas do Desejo. Sobrevoando Berlim eternamente, meio invisíveis, sacando tudo. Sem sentir absolutamente nada. Sem emoção nenhuma. Convenhamos, uma vida, ou pós-vida, de merda. Eu não quero ficar assim, por isso faço uma espécie de catálogo. Vou registrando algumas emoções pra resgatar quando elas fizerem falta.

Agora que estão começando as Olímpiadas, me lembrei de um ranking que fiz há 4 anos das emoções que senti durante os jogos de Atenas - com alguns detalhes do dia e do lugar onde assisti, pra facilitar a memória. Talvez Pequim seja uma merda. Talvez eu não me emocione mais. Mas, graças a lista aí embaixo, estou garantido.

1. Bronze do Vanderlei na Maratona depois do padre irlândes (domingo em casa).

2. Ouro do Vôlei – Brasil 3 x 1 na Itália (no mesmo domingo, em casa).

3. Derrota do Vôlei Feminino pra Rússia – depois de 24 x 19 pra nós no quarto set e match point no tie-break (na agência).

4. Prata do Baloubet / Rodrigo Pessoa – torcendo contra os adversários. (na agência)

5. Prata do Futebol Feminino – 1 x 2 pras gringas na prorrogação, com bolas na trave e pênalti não marcado (na agência, no mesmo dia do Vôlei Feminino).

6. Brasil 3 x 2 Itália - com 33 a 31 no tie-break, na primeira fase (na agência).

7. Passinho pra frente da Daiane (na agência, com 200 pessoas em frente à TV).

8. 17º lugar do Bimba na última regata, quando tinha tudo pra levar o ouro (em casa, às 7h da manhã).

9. Sexto ouro do Michael Phelps – batendo recorde olímpico meia hora depois de ter vencido também os 200m borboleta (na agência).

10. Pódio do Robert Scheidt, primeiro ouro brasileiro (domingo à noite em casa – VT).

terça-feira, 27 de maio de 2008

O chinês preso e o padre voador.













O chinês é, por excelência, um disciplinado. Vai bem na ginástica olímpica. Vai bem na construção de muralha. Vai bem em qualquer coisa que você mande ele fazer: arroz, tênis, microchip, filho.

Outro dia teve um terremoto daqueles por lá. Os chineses não fizeram o terremoto mas, se alguém tivesse mandado, eles teriam feito. No capricho, como foi esse lá em Sichuan. 7.9 graus na escala richter.

Pois uma semana depois, resgataram um chinês dos escombros. Vivo. O sujeito ficou 179 horas soterrado sem água, nem arroz, nem microchip. Recorde mundial de sobrevivência em terremoto. Não sei se foi, mas deve ter sido. Recorde que durou só uma semana. Ontem, duas semanas depois do terremoto, resgataram mais um chinês. Desta vez, um urso panda. Vivo.

Se o nosso padre voador fosse chinês, eu ainda tinha esperança.





quinta-feira, 27 de março de 2008

O blog não é bissexto.

Bento é.
Chegou faz quase um mês, dia 29 de fevereiro. E o ano ganhou um dia a mais. Uma exceção, uma brecha, uma intervenção de algum anjo com muito prestígio lá em cima que separou um dia só pra ele chegar.
Bem vindo, meu filhote.

















Aparecerei mais por aqui, se o Bento deixar.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Pra que serve o relógio.

Por algum motivo, em todos os desenhos e filmes de ficção da nossa infância, as pessoas usavam o relógio pra falar umas com as outras.
O batman apertava um botãozinho do relógio e fazia uma vídeoconferência com o Comissário Gordon. O George Jetson mandava o Elroy voltar pra casa com o relógio, o homem de 6 milhões de dólares marcava um jantar com a mulher biônica com o relógio. Mas em algum momento nesta história inventaram o celular. E o celular tem hora.
Conclusão 1? Cada vez menos gente usa relógio.
Conclusão 2? Os engenheiros da Nokia são muito mais espertos que os da Casio. E com certeza assistiam muito mais TV.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Parábola de Jacó.

Jacó em reunião mostra fotos do seu neto de 1 ano:
- Olha o meu neto. Meu neto me ama. E nem sabe que eu sou rico.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O crepúsculo de Ronaldo.

Final da Taça Guanabara. 1º de março, 2009.
Flamengo x Vasco. 74 mil pagantes.

Final do primeiro tempo, Vasco 1 a 0.
Final do segundo tempo, Flamengo 3 a 1.
1 gol de Obina, claro. E 2 do Ronaldo.

Levo fé.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Oráculo de Bacon.

Todo mundo já está careca de conhecer aquela teoria de que ninguém está a mais do que 6 pessoas de distância de qualquer outra. Mas a prova mesmo, essa eu nunca tinha visto. Pois descobri um site do departamento de Computer Science da Universidade de Virginia. Os caras criaram um mecanismo que eles chamam de Oráculo de Bacon. Funciona assim: um software tipo google faz uma busca instântanea pra comprovar que qualquer ator ou atriz do mundo está a no máximo 6 pessoas de distância do Kevin Bacon. Duvidei, claro. Pus lá: Lucélia Santos. Fácil. Ah é? Então toma: Xuxa. Não é possível. Então... José Lewgoy. Estava lá. Aí me desafiaram. Meti lá: Ferrugem. Em menos de 2 segundos os féla me conveceram.

Aí o resultado:
Ferrugem has a Bacon number of 4.
Ferrugem was in Costinha e o King Mong (1977) with Wilson Grey
Wilson Grey in Kiss of the Spider Woman (1985) with William Hurt
William Hurt was in Trial by Jury (1994) with Beau Starr
Beau Starr was in Where the Truth Lies (2005) with Kevin Bacon.

Duvida? Vai lá: oracleofbacon.org

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Pequenas conversas de casal.

(1)
- Amor, você acha que eu engordei?
- Hoje, não.

(2)
- Amor, você gostaria mais de mim se eu pusesse silicone?
- Um pouco, talvez.
- Um pouco quanto?
- 200 ml tá bom.

(3)
- Amor.
- Ahn…
- Presta atenção no que eu tô dizendo.
- Tá, com 2 pedras de gelo tá bom.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Um dia a gente filma.









Interior da Finlândia.

Grandes lagos.

Os dias são curtos e o inverno é rigoroso.

Não há luz elétrica.

Nossos personagens vivem uma vida de isolamento.

O pai, viúvo, vive com a jovem filha na floresta.

Ela é loira, linda, no auge dos seus 15 anos.

Ele é lenhador, de barba grisalha e mãos calejadas.

A rotina é sempre a mesma.

Ele passa o dia na floresta, cortando lenha.

Chega exausto no fim do dia e a filha o espera com o jantar.

Ele toma sua vodka em frente à lareira e vai dormir.

Uma vez por mês a rotina se altera.

Ele pega sua canoa e rema até a cidade mais próxima.
Vai comprar mantimentos.

Um belo dia resolve levar a filha até a cidade,
pela primeira vez.

Ela não cabe em si de tanta alegria e excitação.

Os dois viajam em silêncio,
interrompido apenas pelo som do remo cortando a água.

A canoa chega ao cais e a estadia deve ser a mais breve possível.

O pai vai até o mercado - não vai demorar -
e diz à filha que fique ali, cuidando de tudo.

Da canoa ela observa o cais, num misto de medo e fascínio.

O cais é movimentado. Gente pra todo lado.

Eis que um menino de 7 ou 8 anos aborda a moça na canoa
e entrega a ela um telefone celular.

O menino não diz nada, apenas aponta um rapaz há alguns metros de distância.

Era dele aquele objeto que ela nunca tinha visto.
Não tinha a mais vaga idéia do que fosse.

O rapaz se mantém ali, de pé, fascinado com a beleza da moça.

Os olhares se cruzam por alguns instantes,
mas logo chega o pai e é hora de partir.

Ele acena. Ela se recompõe, tímida.

Então esconde sob o vestido o presente e segue com o pai de volta pra casa.

Ela guarda o presente misterioso como uma jóia, escondida debaixo de 3 cobertores.

No dia seguinte, ao entardecer, ele toca.

Ela está sozinha em casa e não sabe de onde vem aquela música.

Procura feito louca pela casa.
E assim que põe as mãos no aparelho, ele pára de tocar.

A moça fica encantada com aquilo, lembra do rapaz no cais, o coração acelera.

Guarda de novo o presente. Alguma hora há de tocar outra vez.

O pai volta da floresta, nota algo de diferente no ar,
mas não dá a devida importância.

No dia seguinte, no mesmo horário, ela apanha o celular
e caminha até a beira do lago.

Espera um novo contato através daquele objeto mágico.

O tempo passa, começa a escurecer e ela pensa em desistir.

Enfim o telefone toca.

Toca, vibra, acende a luz e ela fica ali, maravilhada.

Não atende. Sequer imagina que deveria atender.

É como uma caixinha de música.
Que tocará toda vez que o rapaz, lá no cais, pensar nela.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Papo de boteco.

(1)
Tomás:
- Vou pra Salvador, mas não quero pagar de turista.
Quero ir onde baiano vai...

O Véio, até então em silêncio, responde lá do outro lado da mesa:
- São Paulo.


(2)
Assunto: E se a sua mulher te pegasse no flagra
praticando a covarde no banheiro?

Felipe:
- Oi, amor! Não morre mais!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pequenas conversas de casal.

(1)
- Amor, você rouncou a noite toda.
- Tudo eu, tudo eu.

(2)
- Querida, que tipo de homem você prefere?
- Os fortes ou os inteligentes?
- Os inseguros, amor. Os inseguros.

(3)
- Você me amaria se eu fosse feia?
- Claro, amor.
- E se eu fosse gorda?
- Claro, amor.
- E se eu fosse a cara da sua ex-namorada?

(4)
- Amor, você não pensa em filhos?
- Claro que penso, amor.
- Todo sábado, quando acordo. Depois do meio-dia.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

William(s)

Você conhece algum William?
Trabalha com algum?
É vizinho de algum?
Já estudou com algum William no colégio,
na faculdade, no jardim de infância?

Não, imagino.
Não há Williams no Brasil.

Onde caralhos então a Rede Globo foi encontrar o William Bonner
pra ser o apresentador do principal telejornal do país? E não satisfeita ainda descolou um outro, o Waack, pra apresentar o Jornal da Globo?

São 2 Williams, com a mesma função, no mesmo lugar.
Mas é a Globo. Deve haver alguma trama obscura por trás de tudo isso.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

9 minutos e 8 segundos.

Foi com este tempo que o alemão Tom Sietas bateu, em junho deste ano, o recorde mundial de mergulho em apnéia. O sujeito ficou quase 10 minutos debaixo d'água sem respirar. É foda. Quase morreu, imagino. Mas não foi de todo em vão, já que me fez refletir sobre alguns aspectos fundamentais para o futuro da humanidade.

O oxigênio é de fato o ítem mais imprescindível pra nós.
Mas tirando o oxigênio, a água e alguma coisinha para comer,
cada um tem a sua própria escala do que é mais ou menos
essencial pra si. E de quanto tempo seria capaz de sobreviver sem.

Convido meus 3 leitores a imaginar sua apnéia particular.
E aproveito para listar alguns recordes já catalogados:
- Bin Laden sem mudar de esconderijo: 24 horas.

- Capitão Nascimento sem esculachar algum mulambo:
14 segundos.

- Woody Allen sem olhar para os peitos da Scarlett Johansson:
2 minutos.

- A torcida do Flamengo sem gritar Obina: 63 minutos.

- Richarlysson sem uma pica: 90 minutos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mudança nº8.

Ontem me mudei outra vez. Pela oitava vez. E pela oitava vez,
abri mão da incomparável sensação de me sentir em casa.

Nasci em Ipanema, na Gomes Carneiro, a 2 quadras ou uma virada de pescoço da praia. Logo passei a ter 2 casas, quando meus pais se separaram. Mas não se separaram muito e a outra casa era ali perto, na Nascimento Silva. Mudança pequena, de levar na mochila e fazer toda terça-feira.

Depois fui pro Jardim Botânico, longe da praia, onde aprendi a gostar de árvore e passarinho na janela. Em seguida, São Conrado - onde a vista e o barulho do mar compensavam a distância, o despertador às 5:50 da manhã e as horas perdidas de pé no 176.

De lá pra Londres e o predinho de tijolos vermelhos da Fellows Road, a rua dos camaradas. A 3 quadras dos esquilos de Primrose Hill. Depois de Londres, uma escala no Rio e de lá pela via Dutra até São Paulo. Mudança nº6. Apartamento pequeno no Sumarezinho, com uma puta vista de São Paulo. Sem ironia. Uma vista realmente digna, embora as janelas só abrissem pela metade.

São Paulo tem as menores e mais acanhadas janelas do mundo. E a maioria delas, só abre pela metade. Talvez seja a economia barata de quem constrói prédios como respira. Ou o instinto de auto-proteção desta cidade de tão poucas vistas. O fato é que São Paulo vive pra dentro. E vive bem assim. Já que o lado de fora não tem jeito mesmo, trata de arrumar o de dentro. Foi o que fiz quando me mudei com a Bia pro predinho da Sampaio Vidal, onde as árvores que invadiam as janelas me faziam sentir no Jardim Botânico. Um apartamento delicioso, com cara de casa. Até que chegou a hora de mais uma mudança. A nº8.

Desta vez para uma vila simpática, ao lado do Parque do Ibirapuera. Com direito a quintal, chuveirão e churrasqueira. Foi ontem. Mais um pouco e me sentirei em casa outra vez. Só falta virar o pescoço e ver a praia, ter as árvores invadindo as janelas, os esquilos no parque, o barulho do mar e São Paulo pela fresta da janela que só abre a metade.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Mortal na pequena área.

Intervalo da filmagem com o Romário, no Morro dos Prazeres.
Um muleque da comunidade, 7 anos, encurrala o Baixinho:

- Romário, tu é rico?

1,2, 3 segundos.

- Se eu fosse rico não tava aqui trabalhando, rapá.
Rico essa hora tá na praia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Uma tarde em Porto Alegre.

Nos idos de 1983, num já distante natal em Porto Alegre, ganhei um vale-disco. Um presente simples, provavelmente de um tio sem tempo
ou paciência de escolher um LP que agradasse os ouvidos exigentes de um fedelho de 10 anos. Nesse caso, o que menos importa é a intenção.
O fato é que, aos 10 anos, tive o direito de escolher meu primeiro LP.
Me lembro ainda hoje daquela tarde de verão em Porto Alegre. Enfurnado horas a fio numa loja com ar-condicionado, esticando o fone da vitrola e a inédita responsabilidade de escolher o disco perfeito.
Foi o Outlands D'amour.
















Ainda tenho o LP, guardado em algum lugar lá em São Conrado. Provavelmente junto de um disco da Blitz ou daqueles VideoHits que meu pai ganhava da Som Livre com o exclusivo carimbo dourado "amostra invendável" (qualquer um podia ter o VideoHits, mas com o carimbo dourado só eu). Enfim, os LPs ficaram pra trás, guardados pela vida em algum armário distante. Hoje escuto o Outlands D'amour em CD. No iTunes. No iPod. E espero ansiosamente pelo show que, hoje sei, está confirmado para 8 de dezembro, no Maracanã. Boas lembranças, traz o Maracanã. De tantos gols, voltas-olímpicas e também de shows inesquecíveis. Como o do próprio Sting, com a turnê do Bring on the Night, talvez meu primeiro grande show, em 87. Ou do Paul McCartney, em 90. E ainda os Stones, em 95. Dia 8, tenho certeza, não vai ser diferente. Eles poderiam até me decepcionar. Mas jamais aquele menino que passou uma tarde inteira numa loja de discos em Porto Alegre.