quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Uma tarde em Porto Alegre.

Nos idos de 1983, num já distante natal em Porto Alegre, ganhei um vale-disco. Um presente simples, provavelmente de um tio sem tempo
ou paciência de escolher um LP que agradasse os ouvidos exigentes de um fedelho de 10 anos. Nesse caso, o que menos importa é a intenção.
O fato é que, aos 10 anos, tive o direito de escolher meu primeiro LP.
Me lembro ainda hoje daquela tarde de verão em Porto Alegre. Enfurnado horas a fio numa loja com ar-condicionado, esticando o fone da vitrola e a inédita responsabilidade de escolher o disco perfeito.
Foi o Outlands D'amour.
















Ainda tenho o LP, guardado em algum lugar lá em São Conrado. Provavelmente junto de um disco da Blitz ou daqueles VideoHits que meu pai ganhava da Som Livre com o exclusivo carimbo dourado "amostra invendável" (qualquer um podia ter o VideoHits, mas com o carimbo dourado só eu). Enfim, os LPs ficaram pra trás, guardados pela vida em algum armário distante. Hoje escuto o Outlands D'amour em CD. No iTunes. No iPod. E espero ansiosamente pelo show que, hoje sei, está confirmado para 8 de dezembro, no Maracanã. Boas lembranças, traz o Maracanã. De tantos gols, voltas-olímpicas e também de shows inesquecíveis. Como o do próprio Sting, com a turnê do Bring on the Night, talvez meu primeiro grande show, em 87. Ou do Paul McCartney, em 90. E ainda os Stones, em 95. Dia 8, tenho certeza, não vai ser diferente. Eles poderiam até me decepcionar. Mas jamais aquele menino que passou uma tarde inteira numa loja de discos em Porto Alegre.


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A distância e a intimidade.

Ontem em São Paulo fazia um puta sol. Domingo. Na agência. E por algum motivo me ocorreu este pensamento: a intimidade é proporcional à distância. Explico. Quanto mais longe você está, mais intímo será o seu vizinho. Senão, vejamos. Era também um domingo de sol, este à 400 kms de distância da agência. Situação normal, pós-praia, cerveja e pastel de camarão enquanto o almoço não vem. Eis que avisto um sujeito que trabalha comigo em São Paulo. Mal o conheço, raras vezes dirigimos palavra um ao outro. Pois bem. O sujeito também me avistou. E os tais 400 kms de distância cobraram seu pedágio. Caro. Em menos de 5 minutos, já servia seu copo. Felizmente, estávamos no Rio. Poderia ser em Londres. Seríamos portanto ainda mais íntimos. E a cerveja, ainda mais cara.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Marrocos

Homens andam de maõs dadas.
Crianças usam camisa do Barcelona.
Camelos trazem moscas.
Nos vilarejos, falta sombra para todos.


















(Marrakesh, 10.2006)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ah, o maraca.

Que me perdoem a minha mãe, o Zé, os melhores amigos e o misto-quente do Santos Dummont. Mas das 148 coisas do Rio que realmente sinto falta, talvez a mais dolorida seja o Maraca.


(Fla X Flu, 01.2006)

Pois bem. Esta semana, depois de 6 anos e meio em São Paulo, sucumbi finalmente ao pay-per-view. Pensei: posso filar o do Rodrigo, como sempre. Além disso, já fizemos correntes históricas aqui em casa - inclusive, acredite, com a presença de Victor Sant'anna. Mas dependia dos humores da TV aberta e, às vezes, do SporTV. Então decidi: basta. Agora chego em casa, aumento o volume da minha TV 42" e faço um leve esforço pra me sentir lá. Não é a mesma coisa, claro. Mas é um pequeno-grande deleite. E o mais importante: contribuo. Posso gritar o meu "tira daí" sempre que a bola se aproxima da nossa área. E ainda confirmo meu pé-quente. Por enquanto, estamos invictos. Dois jogos, duas vitórias: 4x1 no Figueira e 3x1 no Cruzeiro. É verdade, no domingo tomamos aquela chinelada do Inter lá no Sul. Mas esse eu ouvi no carro, voltando da praia da reserva, num belo dia de primavera no Rio. Não conta.

O egoísta e a estupidez mundial.

Toca o despertador do celular. Desligo, com 10 segundos de atraso. Levanto de primeira, recolho o jornal atrás da porta e vejo de relance as notícias na primeira página. Não que o mundo me interesse tanto assim. Vai chover, a bolsa caiu, o Flamengo perdeu, novas obras vão atrapalhar um pouco mais o trânsito, outros tantos infelizes terão morrido num assentamento qualquer na Cisjordânia. Grandes merdas. Não uso guarda-chuva. Não aplico no mercado financeiro. O Flamengo sempre se salva no final. O trânsito não pode piorar tanto assim. E infelizmente não poderei salvar todas as vítimas da estupidez mundial. Mas tenho que chegar logo no trabalho. Não tenho tempo. As obras, o trânsito e a chuva no caminho. Canto. Não para espantar os males, muito menos pela perspectiva de mais um dia no maravilhoso mundo da propaganda. É que o carro não tem som. Roubaram. E estou indo encontrar a mulher da minha vida. Sim, trabalhamos juntos e a qualquer momento ela vai descer as escadas. Não quero nem pensar em perder a primeira chance do dia de olhar naqueles olhos. E olha ela aí. Beatriz, a que veio ao mundo pra fazer feliz, dizem os almanaques. Pois muito bem, quem sou eu pra discordar. A felicidade que eu sinto hoje já vale por todos nós, os 6 bilhões. Pensando bem, talvez eu já esteja fazendo alguma coisa pra salvar toda essa gente da estupidez mundial.
(Em 09.06.2004)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Franceses têm maxilares mais fortes.

E não é porque caem de cara no chão.
A culpa é das baguetes.
























(Paris, 10.2005)

11 de Setembro.

As torres gêmeas caem em NY.
Galões de césio 137 vazam em Goiânia.
Edmundo faz 6 gols pelo Vasco no mesmo jogo.
Ricardo Forli nasce em Presidente Prudente.

Só cagada.