Toca o despertador do celular. Desligo, com 10 segundos de atraso. Levanto de primeira, recolho o jornal atrás da porta e vejo de relance as notícias na primeira página. Não que o mundo me interesse tanto assim. Vai chover, a bolsa caiu, o Flamengo perdeu, novas obras vão atrapalhar um pouco mais o trânsito, outros tantos infelizes terão morrido num assentamento qualquer na Cisjordânia. Grandes merdas. Não uso guarda-chuva. Não aplico no mercado financeiro. O Flamengo sempre se salva no final. O trânsito não pode piorar tanto assim. E infelizmente não poderei salvar todas as vítimas da estupidez mundial. Mas tenho que chegar logo no trabalho. Não tenho tempo. As obras, o trânsito e a chuva no caminho. Canto. Não para espantar os males, muito menos pela perspectiva de mais um dia no maravilhoso mundo da propaganda. É que o carro não tem som. Roubaram. E estou indo encontrar a mulher da minha vida. Sim, trabalhamos juntos e a qualquer momento ela vai descer as escadas. Não quero nem pensar em perder a primeira chance do dia de olhar naqueles olhos. E olha ela aí. Beatriz, a que veio ao mundo pra fazer feliz, dizem os almanaques. Pois muito bem, quem sou eu pra discordar. A felicidade que eu sinto hoje já vale por todos nós, os 6 bilhões. Pensando bem, talvez eu já esteja fazendo alguma coisa pra salvar toda essa gente da estupidez mundial.
(Em 09.06.2004)
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Um comentário:
e salve-se quem puder...
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